terça-feira, 7 de novembro de 2006

.....as palavras....

Bem...ca estou eu de novo! Começo a minha breve reflexão com um poema de Eugénio de Andrade:


“As Palavras”

São como um cristal
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
Leves.
tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem as recolhe,
assim cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Tal como no poema ás vezes as palavras que proferimos magoam como punhais, sem nos apercebermos, as pessoas que mais gostamos. Às vezes são mera frases que soltamos ao vento, mas que de tão subjectivo pode ser o entendimento da outra pessoa que lança a mão (ou o coração) ao vento, á leve brisa, que as trás e absorve o seu sentido e sofre.
Por ventura, acontece o contrário uma forte e imponente frase carregada do mais profundo significado não chega como esperávamos ao entendimento do interlocutor.
E ficamos magoados, frustrados.
Noto ainda que, em geral, é difícil para as pessoas expressarem o que sentem, por vezes expressam-se demasiado noutros assuntos, uma forma de se protegerem, de manterem os seus pensamentos só para si, como um tesouro. Porque de facto aquilo que temos de mais precioso e que ninguém nos pode tirar é o que pensamos, absorvemos, sentimos, a nossa percepção!

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